sexta-feira, 12 de outubro de 2012

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Entrevista com Félix Guattari sobre pulsões (raridade)

Esta entrevista foi concedida por Félix Guattari, a pedido de Suely Rolnik, especialmente para o Simpósio "A Pulsão e seus Conceitos", organizado por Arthur Hyppólito de Moura e promovido pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC--SP. A entrevista foi realizada por Rogério da Costa e Josaida Gondar, no apartamento de Guattari em Paris, em 12 de agosto de 1992, duas semanas antes de sua morte. A transcrição desta entrevista foi originalmente publicada em francês na revista Chimères, n. 20, Paris, outono de 1993, e em português no livro As pulsões , Arthur Hyppólito de Moura (org), São Paulo, Ed. Escuta, 1995.

Pulsões - Parte 1

Pulsões - Parte 2

Pulsões - Parte 3

terça-feira, 16 de agosto de 2011

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Medicalização do cotidiano

Compartilho com vocês um documentário sobre o boom da medicalização em todo o mundo e como o mercado passou a ser mais importante do que a saúde e o bem estar das pessoas. O documentário é estadunidense, entretanto o problema é global e também ocorre no Brasil, um bom exemplo dessa realidade está no texto de Ana Cláudia barros, publicado no portal terra

O marketing da loucura


Esta é a primeira de 18 partes do documentário postado no youtube, vale a pena conferir

Psicóloga: Ao invés de reverem a educação, usam Ritalina
Ana Cláudia Barros

O aumento do consumo de Ritalina na rede municipal de saúde de São Paulo não
é pontual. O Brasil é o segundo país que mais utiliza o Cloridrato de
Metilfenidato (princípio ativo do medicamento), perdendo apenas para os
Estados Unidos, destaca a representante do Conselho Federal de Psicologia,
Marilene Proença. A substância é adotada no tratamento de Transtorno de
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Não são poucas as hipóteses levantadas para explicar esse crescimento. Na
avaliação de Marilene Proença, a Ritalina, apelidada pelos críticos de
"droga da obediência", tem sido adotada como subterfúgio para escamotear
falhas no sistema educacional.

- Estamos tendo uma precarização da qualidade do ensino oferecido para
alunos na fase de alfabetização. Se a criança não está atenta na escola, se
não está escrevendo corretamente como deveria, isso é um problema
educacional, pedagógico. Quer dizer que não estamos conseguindo dar conta de
uma alfabetização adequada. Mas de repente, há uma epidemia de crianças que
não prestam atenção? Não faz sentido. Nasceu uma geração que não presta
atenção? A geração anterior prestava e a atual não presta? - indaga
Marilene, que também é membro da diretoria da Associação Brasileira de
Psicologia Escolar e Educacional.
A mudança de comportamento estaria sendo feita pela medicação, e não por
uma pedagogia adequada

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

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Como vai a medicina?

Segue abaixo um texto muito interessante sobre uma realidade que mostra a lógica vigente em instituições onde a saúde das pessoas é deixada de lado em favor da política e como o tipo de formação dos profissionais da saúde, criam um outro olhar, este voltado ao paciente, algo que infelizmente deixou de ser o óbvio. O texto de cara fala sobre a área médica, porém nas entrelinhas podemos perceber questões da educação e as possíveis saídas para um aparente caos tão disseminado no contemporâneo.    

Esta carta conforta, é humanidade em ação ; Como vai a Medicina?
- carta de um ex-aluno da uff

Notícia boa, eu compartilho rapidim,
Luiz Fernando

Prezados professores,
  Gostaria muito de compartilhar com vocês as minhas experiências e constatações em um mês de formado. É impressionante como o atendimento e o olhar dos alunos da UFF é diferenciado em relação aos pacientes. Estou trabalhando em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com vários colegas formados na UFF e lá percebo por conversas e por comentários dos próprios pacientes que tal médico é muito bom porque soube ouvir a queixa, porque o examinou, explicou sobre a doença, etc. Quando percebo vejo que estão falando dos colegas que se formaram comigo na UFF. No início confesso que fiquei um pouco assustado com tais comentários, pois na minha cabeça esse é o nosso papel: ouvir, examinar, pensar e orientar. No entanto, com o passar dos plantões a grande constatação que tive foi que muitos dos colegas médicos estão alí para fazer a fila andar! Mal colhem uma anamnese, ou sequer olham para o paciente. São absurdos que me deixaram perplexo e reflexivo. Conversando com meus colegas de turma (que estão trabalhando em locais diversos) a reflexão e a indignação são as mesmas, porém a atitude de ação é contrária. Da mesma maneira ouvem, examinam, pensam e orientam sem ter a coragem de mandar o paciente para casa sem pelo menos uma sucinta anamnese e exame físico. Será que isso é a síndrome do recém-formado? Medo de perder o carimbo? Não acredito. Acredito na síndrome dos bem-formados que foram orientados ao longo de toda a formação médica em relação a necessidade de um olhar diferenciado e de uma medicina mais humanizada que vai além dos conhecimentos médicos propriamente ditos. Posso dizer que é unânime a nossa preocupação em não errar e fazer uma boa medicina. Essa constatação pode até ser sumária, mas comparo com os colegas de outras faculdades e vejo sim que a nossa formação na UFF é o diferencial. Por mais que haja dificuldade de aceitação, por alguns motivos que conhecemos, vejo que os conceitos que fazem parte do Programa Prático Conceitual de nosso currículo (Medicina Preventiva e social e TCS) se incorporam aos conhecimentos médicos propriamente ditos. É uma pena que nem todos percebem isso! Reconheço que o currículo precisa ser reestruturado corrigindo erros, diminuindo repetições, modificando as formas de abordagem, etc. Porém, tenho claro que a sua estrutura é o caminho e é fundamental para uma boa
formação médica. Para melhor exemplificar, reflito sobre duas situações em que presenciei essa semana, e que confesso que me deixaram bastante assustado devido as barbaridades e o péssimo atendimento de alguns colegas médicos que sequer olham, ouvem ou examinam o pacientes. Revi dois pacientes já atendidos na UPA com a queixa principal não resolvida algumas consultas anteriores. A queixa principal do paciente era tosse purulenta e febre há um mês. Porém, quando "perdi" 10 min na minha anamnese suspeitei de AIDS e suas complicações infecciosas, e quando examinei em 5 min tive a certeza do diagnóstico apenas ao juntar dados clínicos com as úlceras orais. E sabe o que fizeram com ele? Penicilina Benzatina e Amoxicilina para tratar amigdalite bacteriana!!!!. Consegui providenciar os exames e infelizmente mais um caso de AIDS foi confirmado! Outra situação foi a revisão de uma paciente com queixa de dor devido a uma hérnia inguino-escrotal. Reabro sua ficha e me deparo com a triste anamnese: Dor nas pernas; Diagnóstico: Mialgia; Tratamento: Dipirona Intramuscular?!!!! Fiquei me questionando o porque daquilo. Será que era para não ter que palpar a hérnia do paciente? Confesso que não sei. O fato é que apenas ouvindo o paciente e observando cheguei a conclusões e pude ajudá-lo da melhor maneira possível. Tudo isso me levou a refletir: Como vai a Medicina? Os pacientes me acham o melhor médico do mundo porque ouço, converso, examino e explico. Não que o seja, mas a banalização da medicina se tornou tamanha que quando retomamos a verdadeira prática médica somos vangloriados. Será que esse não deveria ser o papel de todo médico? Muitas das queixas se resolvem em um simples esclarecimento. A medicina não é feita de remédios e exames complementares, mas é feita pelo contato, pelo olhar, pela conversa e por conhecimentos técnicos científicos, que nos conduzem a utilização de outras tecnologias para a resolução dos problemas. A impressão que fica é de que a UFF apesar das dificuldades tem formado médicos antenados e preocupados com a saúde e qualidade de vida do paciente. Sabemos que os problemas são muitos, as soluções diversas, o movimento de mudança é lento, mas uma coisa precisamos ter em mente: A UFF está no caminho certo para a formação de médicos mais humanos e pensantes no que tange ao entendimento do paciente e ao contexto social e cultural em que esse está inserido. Parabéns aos professores que lutam e insistem em buscar uma melhor formação e uma transformação dentro da nossa universidade.


  Rafael Cangemi Reis


Nunca diga: Isso é natural! Para que não passe por imutável
(Bertold Brecht)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

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Mau encontro

     Ao chegar naquela sala de aula, apesar de ser o primeiro dia, todos os rostos me pareciam iguais, não sei por que e nem sei como explicar, era como se já conhecesse todo mundo de outras aulas de outras salas de outros carnavais. Os corpos não tinham gênero, cor, ou cheiro algum que os diferenciasse. Quando por curiosidade decidi olhar aqueles rostos de frente, todos eram completamente idênticos Fiquei espantado ao notar que não era necessário puxar assunto com alguém próximo a mim, pois um simples olhar me respondia todas as perguntas. Então me senti triste, ou melhor, não dá para expressar o que senti, porém, tenho uma certeza, eu não estava bem.

Pedro Cavalcanti (em 2009)